Embora ainda não sejam tão comuns nas casas dos brasileiros, sensores de fumaça são extremamente populares em vários países do mundo, especialmente nos EUA, onde as casas são majoritariamente construídas em madeira e, portanto, mais propensas a incêndios.
Por ser um dispositivo tão comum lá fora, não demorou para que fabricantes como a Sensereo — uma fabricante especializada em alarmes residenciais — desenvolvessem sensores de fumaça integrando o novo protocolo Matter over Thread, agora compatíveis com as principais plataformas de casa inteligente do mercado.
DISPOSITIVO
O sensor em si é relativamente grande. Ele tem formato quadrado, com 110 mm em cada lateral e 41 mm de altura. Definitivamente, não passará despercebido em qualquer ambiente.
A forma preferencial de instalação é no teto, cuja a parte frontal, que ficará voltada para baixo, apresenta uma abertura para o alarme sonoro, um LED de status e um botão de teste.

Nas laterais do dispositivo, há entradas de ventilação. Elas não devem ser tampadas, pois é por elas que a fumaça entra para ser detectada pelo sensor.
Na parte de trás, encontramos o módulo Matter (que abordaremos adiante). Ao removê-lo, é revelada uma bateria do tipo CR123A. Também há um pequeno interruptor ON/OFF que liga e desliga o sistema de alarme.

DETECÇÃO ÓPTICA
Existem duas principais formas de detecção de fumaça. A mais antiga utiliza um pequeno emissor radioativo (Amerício-241), que libera partículas ionizadas detectadas por um eletrodo. Quando a fumaça interrompe esse fluxo, o alarme é acionado.
A forma mais moderna e recomendada é a detecção óptica. Nela, um pequeno LED infravermelho emite uma luz invisível, que é refletida pelas partículas de fumaça em direção a uma fotocélula, acionando o alarme.

Como mostrado no excelente vídeo “There are two types of smoke alarm” do youtuber Technology Connections, sensores ópticos, como o Sensereo MS1, são os mais recomendados atualmente, pois emitem menos alarmes falsos e atuam mesmo em estágios iniciais de um possível incêndio.
INSTALAÇÃO
A instalação do MS1 da Sensereo necessita ser feita com dois parafusos inclusos no kit. A fixação deve ocorrer preferencialmente no teto, embora a fabricante diga que possa ser feita na parede, mas em locais altos.
Como o ar quente da fumaça possui densidade menor, ele tende a subir, atingir o teto e se espalhar pelo ambiente. Para garantir uma detecção eficiente, a Sensereo recomenda instalar o dispositivo longe de locais como janelas, ventiladores ou outras fontes de ventilação que possam desviar o fluxo de fumaça antes que ela alcance o sensor. Consulte o manual para maiores informações sobre como instalar o produto corretamente.
Após instalado e ativado, uma pequena luz vermelha piscará a cada 45 segundos, indicando que o sensor está operando normalmente. Na prática, esse piscar é tão breve que pode passar despercebido, mas o botão “TEST” pode ser usado para verificar o funcionamento.
MATTER
O grande diferencial deste dispositivo é seu suporte ao protocolo Matter over Thread, que permite integração direta com plataformas como Apple Home ou Samsung SmartThings, por exemplo.
O processo de pareamento é um pouco diferente do usual. Inicialmente, com a chave do dispositivo em OFF, pressione e segure o botão TEST e, mantendo-o pressionado, vire a chave para ON até ouvir um bip. Uma luz verde no módulo Matter, na parte traseira, deverá piscar, indicando que o modo de pareamento está ativo.
Com o dispositivo em modo de pareamento, basta escanear o QR Code com sua plataforma preferida (como o Apple Home) e seguir o processo de instalação. A integração requer um hub compatível com Thread, como o HomePod, SmartThings Hub/Aotec V3, Echo 4ª geração, entre outros.

Assim como outros dispositivos Matter, o sensor pode ser compartilhado com até 5 plataformas diferentes e simultâneas, sendo necessário utilizar o app da plataforma conectada para o compartilhamento das credenciais com as demais plataformas.
BENEFÍCIOS DO THREAD
Um dos principais diferenciais do Thread é sua robustez. Como funciona via IP e não depende de um único dispositivo centralizador, caso um Thread Border Router falhe, outro pode assumir o controle, garantindo a continuidade do sistema, algo essencial para sensores de segurança.
Outros benefícios do Thread incluem o baixíssimo consumo de energia e o desenvolvimento voltado à conexão de múltiplos dispositivos, o que é vantajoso, considerando que será necessário distribuir diversos sensores MS1 pela casa para uma maior eficácia e segurança.
O MS1 é conectado como um Sleepy End Device, ou seja, não atua como repetidor de sinal Thread, o que é esperado de um dispositivo alimentado por bateria.
Em meus testes, não tive problemas com desconexões e nem instabilidades, em nenhuma das cinco plataformas conectadas simultaneamente.
FUNCIONAMENTO EM MÓDULOS
Muitos são céticos quanto à confiabilidade de sistemas de casa inteligente. Para contornar isso, a Sensereo adotou uma abordagem interessante ao separar o sensor em dois módulos independentes, inclusive em termos de alimentação:
- O módulo principal é responsável pelo alarme, sensores ópticos, som, e utiliza uma bateria CR123A interna com promessa de 7 anos de autonomia.
- O módulo secundário contém a eletrônica do Matter over Thread e uma bateria CR123A removível, cuja duração varia e pode deve ser verificada via aplicativo e não é informada pela fabricante.

Graças a essa arquitetura modular, é possível realizar um “checkup” do sistema. Se o módulo do sensor falhar, o módulo Thread ainda conseguirá informar o problema (via Home Assistant ou SmartThings).
Os módulos são tão independentes que o próprio interruptor ON/OFF afeta apenas o módulo de alarme, enquanto o módulo Thread permanece ativo movido a outra alimentação.
ALARME
O alarme interno do dispositivo, segundo a fabricante, emite até 85 dB em uma distância de 3 metros. É bem alto e incômodo para alguém no mesmo cômodo e talvez até pode acordar alguém durante a noite. No entanto, em uma casa de dois andares, por exemplo, o som pode não ser audível em todos os cômodos.
Alguns modelos de alarme, como o o Smoke Detector da Aqara, possui a funcionalidade de agrupar múltiplos sensores, algo útil para ajudar a espalhar o som da sirene de emergência por todos cômodos. A Sensereo não deixa claro se esse modelo suporta essa funcionalidade.
Por isso, a integração com plataformas inteligentes é essencial, pois permite receber alertas no celular, mesmo estando longe de casa.
FUNCIONAMENTO VIA APP
O dispositivo, cuja teve sua categoria lançado com o Matter 1.2, foi pareado normalmente com Alexa, Apple Home (com iOS 18.4), Home Assistant e Samsung SmartThings. O comportamento, porém, varia entre as plataformas.
No Home Assistant, é possível visualizar informações detalhadas, como o status do auto-teste de hardware, informações de problemas e até a possibilidade de ajuste da sensibilidade do alarme. Para receber alertas, é necessário criar uma automação.

No SmartThings e no Apple Home, o alerta é enviado assim que o sensor é acionado, sem procedimentos adicionais. No Apple Home, a notificação tem nível “crítico”, ou seja, toca mesmo com o celular em modo silencioso. No SmartThings, a notificação é convencional, mas o status de problemas no hardware também pode ser visualizado.

Na Alexa, apenas o acionamento e o nível da bateria são exibidos. Para ser alertado, é necessário configurar uma rotina manualmente.
FUNÇÕES EXTRAS NO FUTURO?
Explorando os clusters do sensor, identifiquei a presença do cluster binding do Matter, que, em teoria, permitiria a conexão direta com outros dispositivos, tal como lâmpadas ou sirenes, sem necessidade de um Thread Border Router, desde que estejam na mesma rede Thread.

Contudo, atualmente, nenhum controlador Matter permite a configuração desse recurso. Também não há como confirmar se a Sensereo implementou o cluster corretamente e se ele funcionará quando a função estiver disponível para todos.
VALE A PENA?
O sensor é tecnicamente excelente — e sim, foi testado em ambiente controlado, com notificações sonoras e via aplicativo funcionando conforme esperado. O MS1 opera de forma independente, desde que haja um Thread Border Router compatível.
Como mencionado anteriormente, sensores de fumaça não são dispositivos extremamente complexos, razão pela qual é possível encontrar modelos mais acessíveis no mercado. Nesse contexto, o grande diferencial do MS1 está justamente na integração com os protocolos Matter over Thread, que agregam valor ao ecossistema de casa inteligente.
Trata-se de um produto promissor, com funcionalidades modernas. No entanto, seu valor de $49,90 por unidade, na loja oficial do Reino Unido, pode não ser dos mais competitivos — especialmente considerando que, dependendo do tamanho da residência, será necessário adquirir múltiplos sensores.
Ainda assim, é esperado que, com a maior adoção do Matter e o avanço da tecnologia, tanto o custo quanto a compatibilidade desses dispositivos tornem-se cada vez mais acessíveis.